Se Umbanda é caridade, seria justo cobrar por jogo ou trabalhos?

A Umbanda é caridade, respeito, amor ao próximo; qualquer umbandista ou frequentador de uma casa de Umbanda sabe que a religião tem por princípios básicos estes 3 elementos.

Por isso, muitos questionam o fato de algumas casas cobrarem por trabalhos realizados; pelos Pais ou Mães de Santo ou pelas entidades que trabalham na casa.

Umbanda é caridade em todo o atendimento de entidades nas sessões

Em primeiro lugar faz-se necessário esclarecer que todo o atendimento feito dentro dos terreiros, durante as sessões; é aberto e acessível a qualquer pessoa; sendo terreiro ou não, independentemente de qualquer tipo de pagamento.

Passes, conversas, conselhos, dados pelas entidades presentes, recomendação de banhos, simpatias, rezas; tudo está gratuitamente disponível a qualquer pessoa que deseje ir ao terreiro usufruir dessas bênçãos.

Umbanda é caridade, mas como terreiro e o Pai/Mãe de Santo se mantém?

Normalmente, as casas pedem aos seus filhos que contribuam com uma mensalidade que auxilia no custeio do terreiro; o qual costuma ter um funcionamento e circulação de pessoas quase 24h por dia. Infelizmente; esta mensalidade, muitas vezes, não consegue cobrir esses custos.

O Pai ou Mãe da casa, ou uma entidade que atendeu essa pessoa, vê ali a necessidade, para sanar o problema; realizando oferendas, trabalhos, banhos e limpezas diversas que terão um custo dos materiais; custos com água, gás, lenha, etc., sem falar no tempo gasto pelo Pai/Mãe de Santo e filhos da casa dedicados.

Seja por escolha e/ou por missão, a maioria dos Pais e Mães de Santo dedicam-se exclusivamente à vida espiritual; e ao atendimento de quem deles necessitam; sendo, assim, necessário tirar dali seu sustento e os recursos necessários à manutenção da casa de Axé.

O Pai/ Mãe de Santo que comanda um terreiro e dedica sua vida a conduzir esse serviço de caridade, orientação; desenvolvimento e auxílio aos filhos da casa e aos frequentadores do terreiro; raras vezes consegue manter a dedicação a essa vocação e o funcionamento de sua casa de Axé e ainda conciliá-los com um emprego formal que o sustente.

Como custear os trabalhos necessários ao tratamento espiritual de alguém que buscou ajuda no terreiro?

Imagine, por exemplo, que um frequentador chega com demandas pesadas de magia negra; que lhe foram enviadas e estão fazendo sua vida desabar, em uma ou várias áreas.

Até mesmo um banho, que aparentemente seria algo sem nenhum custo, pois pode-se colher uma arruda ou uma espada de são jorge em qualquer esquina; pode gerar um custo ao terreiro.

Caso o banho requeira o uso de outras ervas essenciais ao exercício de nosso sagrado; pode ser necessário o uso de um carro, pois várias das nossas plantas sagradas hoje só são encontradas em matas e reservas; distantes dos centros urbanos.

A decisão de se dedicar à caridade já gera, em si, uma série de custos ao médium

Além da doação de seu tempo à caridade e ajuda ao próximo, o pai/mãe de santo e os médiuns de uma casa muitas vezes, ao atender uma pessoa; com um obsessor, atingida por magia negra ou com uma doença grave gerada por demandas enviadas; absorvem parte dessas energias ruins e negativas para aliviar o sofrimento dessas pessoas.

No entanto, após esse tipo de atendimento, é necessário que eles realizem rituais e oferendas que os ajudem a se limpar dessas energias, de modo que não afete sua vida, nem sua saúde. E tudo isso tem custos para o médium e para o terreiro com velas, banhos, oferendas, etc.

Além disso, é necessário lembrar que, além das vestimentas específicas para as sessões no terreiro; as várias entidades incorporadas por um só médium pedem sua coisas e objetos e bebidas individuais, custeadas pelo médium.

É injusto recompensar o Pai/Mãe de Santo pelo tempo gasto no jogo de búzios com o frequentador?

Há também pessoas que chegam ao terreiro em situações muito complexas ou outras em que houve um atendimento por um Pai/Mãe de Santo não incorporado no momento que demandarão que se consulte o jogo búzios; para que, assim, o Pai/mãe de Santo, com auxílio deste oráculo dos Orixás, descubra exatamente como auxiliar essa pessoa.

Se alguém chega atingido por feitiços e magia negra é necessário consultar os búzios para se ter noção de que que tipo de trabalho foi feito; e, assim, saber que tipo de trabalho é o mais adequado para quebrar aquela demanda em específico.

Pedidos de união amorosa podem ser tranquilamente realizados, mas não se faz isso usando magia negra; nem sem uma consulta aos búzios que comprove que as duas pessoas em questão; realmente têm um laço e devem caminhar juntos.

Umbanda é caridade e não se deve cobrar valores exorbitantes dos frequentadores

Não se pode negar que abusos são cometidos em nome do lucro e do dinheiro fácil por parte de algumas pessoas; que usam o nome de nossa religião para enganar e extorquir seus clientes e frequentadores; os quais, diante do desespero e de falsas promessas, entregam quantias exorbitantes a esses charlatães.

O trabalho na Umbanda que vise dinheiro, lucro, que envolva magia negra e promessas irreais aos frequentadores em troca de dinheiro são inaceitáveis.

Uma Casa de Umbanda não pode ser um mercado de trocas, uma agência de empregos ou de encontros íntimos, mas, sim, um local de respeito, de caridade e de fé.

Umbanda ajuda muitas pessoas com sua caridade, mas ao final, sua fé e suas ações são os fatores mais decisivos

A Umbanda jamais fará milagres no plano físico. No entanto, problemas físicos e materiais podem ter sua solução nos terreiros de umbanda; desde que isso esteja vinculado à espiritualidade. E nunca se pode deixar de frisar, que a obtenção dos desejos e pedidos feitos ao Pai/Mãe de Santo ou às entidades; dependerá diretamente da fé da pessoa, de seu esforço pessoal e do seu merecimento.

Não adianta pedir um aumento salarial, se você nada faz para que seu chefe lhe veja como merecedor desse aumento, como se esforçar mais, buscar cursos de aperfeiçoamento, etc. De nada adianta fazer uma limpeza, e no dia seguinte estar em meio a drogas, bebidas e em locais lotados de kiumbas e obsessores.

Como manter os terreiros abertos fazendo caridade, sem cobrar ao menos custo de manutenção e de trabalhos?

Por fim, tendo-se a consciência de todo o gasto financeiro, de energia física e energética, de tempo; diante de toda a dedicação necessária de um Pai/Mãe de Santo para manter sua casa de axé aberta; atendendo adequadamente as pessoas que os procuram, como exigir que essas pessoas façam tudo isso sem obter o próprio sustento?

Não há qualquer tipo de atividade no terreiro em que não se acenda uma vela. Quem é filho de uma casa de Axé, e costuma sempre ter velas em casa; sabe o custo de um pequeno pacote de velas.

Os trabalhos, banhos, simpatias e passes que irão equilibrar as energias e as ligações com Orixás e guias regentes da pessoa atendida; e, assim, ajudar a equilibrar e dar harmonia aos diversos aspectos da vida da pessoa; sempre têm um custo de materiais, de energia e de tempo do Pai/Mãe de santo.

Se não está havendo cobranças abusivas com promessas milagrosas e irreais; como não concluir como justo o pagamento pelos custos materiais com seu atendimento a quem está lhe ajudando; e a contribuição com a manutenção da casa da qual você poderá vir a precisar novamente?

Fica a reflexão… Axé!

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